8 de junho de 2013

"Senhores críticos, por favor, dêem-nos poesia em vez de matemática!"


 "(...)Reduzir o vinho a uma pontuação está a resultar na padronização do gosto. Na uniformização. Vinhos carregados de cor, intensos, com muito álcool e, quantas vezes, monolíticos. Pergunto: ainda há espaço para vinhos delicados? Ou vinhos velhos? Vinhos maravilhosos com cheiro a estábulo? Vinhos impregnados com a alma do seu criador? Abro um Quinta do Mouro RD 2000. Avanço no vinho e sou invadido por uma suave epifania etílica. Sonho com a vindima. O cheiro a uva carregada de açúcar. O calor seco do fim de tarde. Lembro-me que até Parker cedeu à tentação e vendeu o seu império da Wine Advocate. Pergunto-me se estará agora, na sua amada Baltimore, a bebericar a tranquilidade aristocrática de um Les Beaux-Frères 2008. No jardim. Descalço. Com os pés na relva. A alma de um vinho é a sua pontuação? Senhores críticos, por favor, dêem-nos poesia em vez de matemática!(...)". Miguel Évora, hoje, Negócios

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